Perder não é da vida. É a vida
Perder é duro, óbvio, mas, outro óbvio, perder é normal. É a norma. Na Copa, são 31 chances de perder em 32 possibilidades. No vestibular, nas entrevistas de emprego, nos concursos públicos, a probabilidade de fracasso é ainda maior.
A vida é uma sequência de desafios com numerosos candidatos e vagas escassas. Uma certeza: vamos perder, vamos perder quase sempre. Em algum funil, na maioria deles, vamos ficar entalados na parte larga do cone.
O sucesso, além de raro, é efêmero. Puxe pela memória todos os grandes não abatidos no auge: Bolt, Jordan, Schumacher, Ronaldo. Cada um deles conheceu o ocaso, às vezes de maneira constrangedora. Se os gigantes são losers, que dizer de nós.
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Perdas esportivas, desilusões amorosas, doenças, demissão, falência. Perder é sempre dolorido, mas não deve ser um luto interminável. Não é que perder seja parte da vida, perder é a vida. A vida não é um tapa na cara ocasional, é uma surra impiedosa ao som de um mantra: "aceita que dói menos".
O convite-quase-exigência é se reconhecer como um merda e não ver nada de mal nisso. É possível ser um merda e ser foda, perder quase tudo e se enxergar como vencedor. A derrota é chamado para a ação: tentar de novo e melhor, tentar em outra parte ou desistir, algo aceitável e racional se for fruto de reflexão. Reside na aceitação da derrota e na relativização da necessidade de ser número 1 um dos caminhos para a felicidade. O outro é se nutrir das raras intermitências do pugilato.
Chamamos esses intervalos de vitória. Alimentados por uma efêmera glória passada ou pela miragem de um futuro no topo, seguimos apanhando até que a vida se encarregue de nós infligir uma derradeira derrota. Fim.
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